O Nove

Ao lado, vemos os tracejos inspirados nos movimentos de cada uma das danças coletivas musicais − as brincadeiras ou brinquedos de viola − que encontrei em meu campo etnográfico nas imediações do córrego do Machado, no Médio Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Na região, essas danças coletivas e as cantigas que as embalam são aprendidas justamente a partir da presença e participação nos brinquedos, através de gerações.

Nove é o nome de uma dessas danças coletivas, mas por ser a brincadeira que toma grande parte dos encontros, acaba por dar nome a eles. Estes ritos, então, que abarcam uma série de brinquedos de viola – as danças velhas – são associados ao chamado princípio do mundo e tinham como uma de suas principais ocorrências os pousos da Folia do Divino. Ainda hoje, reúnem velhos, crianças, jovens e adultos à noite e são regados à comida e bebida.

Nas pesquisas de mestrado e doutorado, meus principais interlocutores foram as cantadeiras e cantadores, agricultores e agricultoras, que realizam o Nove. Aqui, apresento-os a partir das fotografias abaixo e um breve texto. São as pessoas com quem mais convivi, me dando a honra até hoje de sua amizade.

A partir das pesquisas, foram elaboradas uma dissertação e uma tese, respectivamente os textos Uma etnografia do Nove: brincadeiras de viola em Machado e arredores (MG) e O Brinquedo do princípio do mundo: música, dança e socialidade no córrego do Machado (Médio Jequitinhonha).

Desenhos e fotografias: Valéria de Paula Martins