Sr. Bernardo [Bernardino Lopes de Caldas]

“Parece que eu tenho um computador na cabeça”, me dizia de vez em quando o Sr. Bernardo ao se referir a suas tantas lembranças – inclusive relativas a datas e números. Sempre me recebeu com alegria e gentileza em sua casa no Ribeirão de Areia, juntamente com sua querida família. Ali me contava casos, cantava cantigas, compartilhava histórias da sua vida, e às vezes acompanhávamos os netos em suas brincadeiras – pipa, cavalo, violão… Além do Nove, também gostava muito de “música”, as modas de viola. Em todas as canções, de qualquer forma, ele não deixava que a importância do rito retirasse alguma leveza ou satisfação de estar presente. Ele gostava de sorrir, e rir.

Princípio de setembro de 1936, e “Vovó”, Kalu Ferreira, segura um pequeno bebê entre os braços sob o teto daquela casa. A mãe ainda deitada.

Ali, próximo ao Sabará, residiam os familiares do pai do menino. Quando o homem faleceu, este tinha treze anos. A mãe seguiu com os filhos para as terras onde havia nascido – Vila São José, próximo ao Ribeirão de Areia. Um irmão dela veio buscá-los.

Bernardino, Bernardo, conheceria as brincadeiras desde pequeno, e no entorno da Vila e de Ribeirão participaria de muitos Noves. Lá, cantaria com o pai de Santos Chagas, o violeiro Joaquim.

Com o tempo, Bernardo foi experimentando alguns acordes no violão, e tornando-se violeiro também. Além de compositor de modas de viola. Com voz forte, e canto vigoroso, empresta animação a quaisquer Brinquedos de que participa.