Sr. Zé Concebido [José Ferreira Costa]

Este à direita é o Sr. Zé Concebido, cantador com uma das narrativas mais inventivas e poéticas que já conheci, e que deixariam Guimarães Rosa encantado. No decorrer da pesquisa, ele protagonizou alguns momentos de que nunca me esqueço, como em 2008, quando, diante do falecimento de um morador, e da dúvida, assim, de realizar ou não o Nove na comunidade, ele disse com convicção, enquanto eu, assentada, o olhava em pé, com o dedo apontando o ar, justificando a realização do Nove: “nós vamos fazer tipo duma reza!”. Então alguém comentou sobre a cantadeira “D. Ana” e ele disse: “Comadre Ana tem que vim. Ela é uma das rezadeira”. Aquele foi então o primeiro Nove, ali nas imediações do córrego, em que estive presente. Sobre a disposição das pessoas em fileiras na dança, durante o Nove, ele me explicou certa feita que “se o povo interessa, então ali faz até vinte carreira, para poder a diversão ser bem enfeitada. Chama enfeite”.

Foi Sinhana de Faustino, avó do bebê que nascia naquele início de setembro de 1942, quem primeiro o segurou nos braços, depois de tê-lo retirado do ventre da mãe. José Ferreira Costa.

Assim como o irmão, Narciso, foi criado por ela, Vó Sinhana, após o falecimento do pai, cantador – nos primeiros anos de vida de José. Eles residiam em uma casa vizinha à da mãe, e todas as manhãs o menino ia dar-lhe a benção. O irmão do pai também era cantador, assim como alguns primos e primas.

José cresceu ali, nas imediações do córrego, na roça, entre as poucas casas da vizinhança. Tomou gosto pelos Brinquedos e as cantorias do Nove. É o Sr. Zé quem costuma ir às casas dos cantadores, em Jenipapo, avisá-los do convite que receberam para participar de algum Nove. Antes, “apoia a palavra” de quem fez o convite – confirmando-a – para então replicá-lo.

Na imagem, à esquerda do Sr. Zé Concebido e conversando com ele, está o cantador Santos Chagas.