Sr. Tião Paulino [Sebastião Paulino da Rocha]

Sr. Tião Paulino já tem cem anos de idade. Cantador do Nove, tem uma fala tão mansa, tão pausada… que o tempo passa suave perto dele.

Em um encontro mais ou menos recente, quando perguntei a ele como estava, me disse que estava muito bem, graças a Deus, pois é capaz de caminhar e fazer outras coisas dentro de casa. Sr. Tião é contrateiro, ou seja, fala o contrato, uma das posições vocais no quarteto do Nove. Aqui ele explica sobre cada uma:

Sr. Tião Paulino: A requinta puxa muito. E o contrato é abaixo da requinta. De entremeio, a segunda. A segunda é a mais baixa. O contrato mais alto um pouquinho, a requinta a mais.
Eu: E a outra?
Sr. Tião Paulino: A outra é o tirador, explicador das cantiga para nós… os quatro.

O menino Sebastião cresceu perto das águas da Lapa e da Jabuticaba, e dos parentes que moravam naquelas casas vizinhas. 1920, agosto, foi quando a cortadeira de umbigo (Vó) Maria Bina o apanhou.

Ele cresceu trabalhando a terra, e domando burros bravos: “o freguês [a pessoa] é pior do que aquele animal. Porque montar em um trem bruto daquele… A gente montava neles, eles pocava na capoeira. E a gente montado. É doidiça. Mas precisava fazer”.

Não havia muitos cantores entre os parentes de Sebastião, mas devagar ele foi assuntando os Noves que eram realizados, com regularidade, nas terras da esposa – Cansanção. Residiu ali alguns anos. Tornou-se cantador.